O processo de ocupação territorial e tentativa de extermínio dos povos originários, posto atualmente em Gaza, já operou aqui no Brasil, em Santa Catarina.
Para que as terras catarinenses fossem ocupadas pelos colonizadores (colonos) europeus, houve a tentativa de extermínio dos povos indígenas, originários deste território. Os bugreiros, ou matadores de índios, como eram chamados, eram homens contratados para dizimar aldeias indígenas, conforme o relato de um deles na reportagem do jornal Diário Catarinense, de 03/08/1998 (imagem abaixo). Assim, as terras ficavam livres para a colonização (ocupação) européia.
Soraya Misleh, no livro Al Nakba, traz um resgate histórico da Palestina, do período que antecedeu a ocupação sionista (européia) até o ano de 1948, quando milhares de palestinos foram mortos ou expulsos da sua terra. Ela descreve que os palestinos (assim como os indígenas em Santa Catarina) foram desumanizados pelos invasores europeus, tratados como bichos selvagens, um "não povo", uma gente sem valor. Assim, para que a ocupação territorial não fosse vista pelo que de fato foi (massacre), chamou-se de "civilização do território", lá e aqui.
Os colonos israelenses armados, na Cisjordânia hoje, matam os palestinos e apropriam-se das suas terras, tal como fizeram em Santa Catarina com a contratação de bugreiros. É o mecanismo de extermínio dos povos originários a serviço da ocupação.
Olhar para o que aconteceu em Santa Catarina no passado, mostra que ainda temos tempo de lutar para evitar o extermínio do povo palestino e a perda definitiva do seu território.
Olhar para o que acontece na Palestina, a partir do que já aconteceu aqui no Brasil, pois isso não ocorreu só em Santa Catarina, nos aproxima, nos implica em alguma ação, porque humaniza aqueles que estão lá, independente do que a mídia tente convencer que é, ao chamar de guerra contra o terrorismo.
Autoria do texto: Lícia Diesel
Publicado em colaboração com o Coletivo Psimigra em 03/01/2024
Revisado em: 20/08/2025